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Saiba também as projeções do Safra para a economia brasileira No Morning Call desta terça-feira, 6 de setembro, comentamos o aumento de preço de commodities energéticas.
No segundo bloco, falamos sobre as projeções do mercado para a economia brasileira.
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Para esta edição, 1.069 empresas foram analisadas pelo Valor e os parceiros Serasa Experian e FGVCef/ EAESP/FGV SP Os resultados consolidados e o ranking final das empresas que compõem o Valor 1000 são fruto de um esforço coletivo de coleta, tratamento, tabulação e análise realizados há mais de 20 anos consecutivos e que envolvem diversos profissionais do Valor, em parceria com a Serasa Experian e o Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVCef/ EAESP/FGV SP).
Os profissionais responsáveis se debruçaram sobre informações contábeis e financeiras coletadas a partir de dados públicos ou fornecidos por 1.069 empresas para avaliar diferentes aspectos dos negócios (receitas, despesas, margens, dívidas), definir o ranking final das mil maiores empresas e elencar as melhores dos 26 setores de atividade não financeira.
Neste ano, o processo de avaliação se deu em duas etapas, uma avaliação contábil financeira, correspondendo a 70% da nota final, e uma avaliação de práticas ESG (sigla em inglês para as práticas ambientais, sociais e de governança), introduzida na edição deste ano, correspondendo a 30% da nota final.
A primeira etapa contemplou a análise de seis quesitos, dos quais três tiveram maior peso: receita líquida (peso 3); margem Ebitda (peso 2,5); e rentabilidade do patrimônio (peso 1,5). Nesta etapa, três outros critérios também foram avaliados, todos com peso 1: crescimento médio anual da receita líquida nos últimos cinco anos; alavancagem financeira, medida pela relação entre a dívida financeira líquida e o Ebitda; e cobertura de juros (relação entre o Ebitda e as despesas financeiras do exercício).
Na segunda etapa (ESG), as três empresas mais bem ranqueadas nos seis critérios de avaliação contábil e financeira foram avaliadas por um comitê formado por oito profissionais de mercado especializados no tema: Carlos Eduardo Eichhorn (Mapfre), Carolina Learth (Santander), Daphne Breyer (BB), Felipe Agujadi Puppi (Bram — Bradesco Asset Management), Henri Rysman de Lockerente (BNP Paribas), Maria Eugenia Buosi (Resultante ESG), Rafaella Dortas (BTG Pactual) e Sonia Consiglio (Consiglio).
O resultado desta avaliação correspondeu a uma nota de 0 a 30 pontos na nota final de cada uma das três primeiras colocadas em cada um dos 26 setores avaliados nesta edição.
Concorreram à avaliação setorial somente as empresas cuja receita líquida em 2021 igualou ou superou a receita líquida mediana do seu segmento de atuação. As empresas com receita líquida inferior à mediana setorial foram agrupadas em quatro grandes áreas de acordo com a sua atividade principal – agronegócio, comércio, indústria e serviços – e nesta edição são avaliadas exclusivamente por seu desempenho financeiro (primeira etapa).
O ranking deste ano também apresenta novidades na segmentação setorial, com destaque para a criação dos segmentos de Bioenergia e Indústria da Moda, a reunião das empresas de Serviços Ambientais com as companhias de Água e Saneamento e a separação entre as companhias de Metalurgia e Siderurgia das empresas de Mineração, que passam a ser avaliadas separadamente. A nota de corte da milésima empresa cresceu 17% de um ano para outro, passando de R$ 496,8 milhões em 2020 para R$ 579,4 milhões no ano passado
Commodities em alta, ganhos com o câmbio e endividamento menor garantiram avanço nominal de 38,8% na receita e aumento real de 266% no lucro líquido As 26 empresas campeãs de Valor 1000, sem contar o setor financeiro, registraram lucro líquido no exercício de 2021 de R$ 210,07 bilhões, que equivale a um terço do que foi contabilizado por todas as empresas do ranking (R$ 613,8 bilhões). O lucro de 2021 das líderes superou até o valor de R$ 152,2 bilhões auferido pelas mil maiores em 2020, lembrando que a variação do indicador foi negativa em relação ao exercício de 2019.
A rentabilidade patrimonial das 26 campeãs (41,6%) é praticamente o dobro das mil maiores (21,4%), um resultado bem diferente do registrado na edição passada, quando houve um equilíbrio na faixa dos 6%. Os números, como se pode ver no quadro da página ao lado, confirmam a retomada da economia depois da paradeira provocada na pior fase da pandemia. O resultado da última linha dos balanços das 26 campeãs é enorme: houve uma evolução de 453,5%, mais do que compensando o tombo de 55,3% da edição passada. A menor variação do lucro líquido foi da Randon (6,2 %).
Neste ano, houve uma renovação significativa no time das líderes. Apenas Ambev (Alimentos e Bebidas), que obteve sua oitava vitória consecutiva das dez em que venceu, WEG (Mecânica), nove vezes campeã, Suzano (Papel e Celulose), quatro vezes campeãs, e B3, com duas vitórias, permaneceram entre as vencedoras. O setor Serviços Financeiros, do qual a B3 fazia parte, deixou de existir, dando lugar a Serviços Especializados.
O principal motivo para esta renovação nas primeiras colocações foi a adoção de métricas ESG (sigla em inglês para as práticas ambientais, sociais e de governança (ASG). “Foi um fator decisivo para a escolha das campeãs”, diz a professora Cláudia Yoshinaga, da Fundação Getulio Vargas (FGV), que coordenou o comitê de análise neste quesito. Se fossem avaliados apenas os critérios de desempenho financeiro, as empresas líderes de 20 setores seriam outras.
O que mostra que essas companhias com condições de liderança ainda não estão sendo percebidas como aquelas com as melhores práticas nas dimensões ambientais, sociais e de governança. Bioenergia, Comércio Varejista, Construção e Engenharia, Eletroeletrônica, Empreendimentos Imobiliários, Materiais de Construção e Acabamento, Papel e Celulose e TI &Telecom foram os setores com maior alinhamento entre dados financeiros e critérios ESG , segundo Yoshinaga.
Desta vez, não houve variação negativa tanto na receita como no lucro líquido, ao contrário da edição passada, em que sete empresas líderes registraram redução na receita. A evolução da receita líquida das campeãs setoriais foi de 40,6%, ante 38,8% das mil maiores. A rentabilidade média sobre o patrimônio foi de 41,6% no grupo das vencedoras. Oito empresas registraram rentabilidade superior a 50%: Braskem (225,0%), Vale (61,6%), Assaí (58,2%), CSN (58,2%), Elecnor (57,7%), Suzano (56,9%), LafargeHolcim, que foi adquirida pela CSN (54,9%) e Syn (50,6%).
Das líderes setoriais que mais subiram no ranking geral, destacam-se Arezzo (132 posições), Elecnor (111 posições), LafargeHolcim (62 posições), Tigre (61 posições) e Randon (40 posições). A Arezzo, campeã do setor Indústria da Moda, criou um verdadeiro “arsenal digital” para se conectar ao cliente e conquistá-lo mesmo diante dos obstáculos. Os ciclos de lançamento de novos produtos passaram a ser quinzenais e todo o showroom da companhia foi digitalizado. A empresa cresceu 84% e viu seu lucro líquido aumentar (607,5%) sobre 2020.
A Tigre, multinacional brasileira, líder do setor de Plásticos e Borracha, registrou o melhor desempenho operacional da última década, graças a um esforço de melhoria da produtividade e de custos, com ganhos de eficiência, além da adoção de uma estrutura organizacional no modelo matricial. A meta da empresa é expandir as operações nos Estados Unidos, onde já está presente há 15 anos. A gaúcha Randon deixou para trás os traços de empresa familiar, fez aquisições e reforçou sua presença nos Estados Unidos. O desempenho do mercado externo fez a campeã do setor de Veículos e Peças crescer 30% no primeiro semestre de 2022.
A espanhola Elecnor destacou-se por uma margem Ebitda de 17,8%, a terceira maior do setor de Construção e Engenharia e pela rentabilidade patrimonial de 57,7%. A infraestrutura implantada em linhas de transmissão contribuiu para a geração de caixa da companhia. Livre de endividamento, a empresa conseguiu manter um desempenho robusto.
Na verdade, como já se antevia na edição passada, os executivos líderes não ficaram parados esperando o barco chacoalhar diante do mar revolto das instabilidades econômicas e políticas. Eles foram buscar ganhos de eficiência para suas empresas. Depois de sucessivas crises econômicas e agora mais recentemente com os efeitos da covid-19, não deixaram de fazer a lição de casa. Quem se saiu melhor é porque já vinha reduzindo a dívida e passou nos últimos dois anos a controlar custos e reduzir despesas. As despesas financeiras das companhias do ranking também recuaram, chegando a 18,9% em termos nominais e perto de 26% em termos reais, descontada a inflação do período. O resultado não poderia ser melhor. Foram premiados pela eficiência.
Commodities em alta, ganhos com o câmbio e endividamento menor garantiram avanço nominal de 38,8% na receita e aumento real de 266% no lucro líquido A forte recuperação da economia brasileira em 2021, com o Produto Interno Bruto (PIB) avançando expressivos 4,6%, o melhor resultado desde 2010, quando a economia havia crescido 7,5%, é vista com cautela pelos economistas. A base do ano anterior é considerada um comparativo ruim, após recuo de 3,9%, devido à pandemia da covid-19. O afrouxamento da política de distanciamento social com a volta das atividades presenciais promoveu uma alta expressiva no consumo. Por outro lado, as principais cadeias produtivas tiveram dificuldade em retornar a oferta de produtos e serviços ao nível pré-covid, o que pressionou os preços e fez a inflação disparar mundo afora. É neste cenário de PIB em alta, mas sob uma base fraca de 2020, e inflação avançando com força que navegaram as empresas nacionais ao longo do ano passado.
Neste contexto, o resultado do grupo das empresas avaliadas nesta edição de Valor 1000 não poderia ter sido melhor. Em quase todos os critérios da pesquisa, referente aos balanços de 2021, houve avanço na casa de dois dígitos. A receita líquida das mil maiores avançou 38,8% na comparação anual, a melhor variação percentual da série histórica iniciada em 2001. A venda de produtos e serviços movimentou R$ 6,3 trilhões no ano passado. O lucro líquido consolidado de R$ 615 bilhões avançou, na mesma base de comparação, expressivos 303,2%, também o maior desempenho da série, superando com folga o avanço de 239% registrado em 2016.
Os números capturados nas análises dos balanços das empresas contam uma história que inclui fatores externos localizados em 2021, como alta no preço das commodities e ganhos com o câmbio, mas também outros internos às mil maiores empresas analisadas, com uma melhora no perfil de endividamento iniciada bem antes de a pandemia derrubar a atividade e que agora rende frutos.
“Claro que o cenário teve um peso importante e colaborou para engordar a receita das empresas, com a alta das commodities impactando diretamente na receita dos principais grupos do país, que são dos setores de óleo e gás, mineração e siderurgia, além de alimentos”, comenta Ademildo Oliveira, gerente de estratégia de dados da Serasa Experian. “Mas isto não é tudo, e precisamos destacar o ganho de eficiência das empresas, um aprendizado acumulado ao longo de sucessivas crises econômicas e também mais recentemente com a covid-19. As empresas já vinham reduzindo a dívida e souberam, nos últimos dois anos, controlar custos e reduzir despesas com ótimo resultado. A mensagem, acima de tudo, é de eficiência.”
O ambiente macro que levou as mil maiores empresas que atuam no país a desempenhos recordes em receita e lucro é composto, em primeiro plano, pela alta nos preços internacionais de commodities, que puxou o resultado do primeiro bloco das companhias analisadas. A maior contribuição na alta da receita líquida dos balanços analisados veio do setor de Petróleo e Gás, com 18,8% de participação, seguido por Alimentos e Bebidas, com 11,9%, e Comércio Varejista e Agronegócio, com 8,4% de participação para cada segmento. No grupo das maiores receitas em 2021 há várias exportadoras encabeçando a lista, como Petrobras, JBS, Vale, Raízen e Vibra Energia, as cinco maiores receitas em 2020 e também em 2021, pela ordem.
Os dados da balança comercial do país reforçam a relevância do cenário internacional no resultado das companhias. O superávit alcançado no ano passado, exportações menos importações, chegou a USS 61 bilhões, avanço de 21,1% sobre 2020. Por tipo de indústria, o comércio exterior brasileiro registrou aumento, em valor, de 63,2% nas exportações da indústria extrativa. O minério de ferro ultrapassou a soja como o principal produto da pauta de exportações brasileira, segundo dados oficiais do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, chegando a 15,9% do total exportado e gerando receita de US$ 44,6 bilhões (FOB). A soja vem logo em seguida, com 13,8% de participação (US$ 39 bilhões). As vendas externas de óleos brutos de petróleo foram recordes, chegando a US$ 30 bilhões.
A variação do câmbio no ano passado, com alta de 7,47% na cotação do dólar em relação ao real, fechando dezembro negociado a R$ 5,57, também ajudou a elevar o faturamento das empresas exportadoras. “Como o volume vendido também cresceu, é de destacar a eficiência operacional das empresas que mantiveram ou ganharam espaço em outros mercados”, comenta William Eid, professor da FGV-EAESP.
Os desempenhos da Petrobras e da mineradora Vale, respectivamente primeira e terceira maiores receitas em 2021, são um reflexo do cenário descrito pelos especialistas. A Petrobras viu suas receitas líquidas saltarem 66,4% sobre 2020, a R$ 452 bilhões. O lucro líquido foi recorde, com R$ 106,6 bilhões. Na Vale, o avanço da receita líquida também foi muito expressivo, de 42,4%, a R$ 293 bilhões, com um lucro líquido de R$ 121,2 bilhões, uma alta de 353% na comparação com 2020. No ano passado, o preço médio do minério de ferro vendido pela Vale foi de US$ 140,50 a tonelada, valor 30% superior ao registrado no ano anterior.
Outro dado importante revelado pela análise do balanço das companhias é a forte capacidade de geração de caixa, medida pelo Ebitda. No ano passado, as companhias geraram um lucro – antes de juros, impostos, depreciação e amortização – de R$ 1,366 trilhão, uma variação nominal de 68,8% sobre o ano anterior. Mesmo descontada a inflação oficial de 10,06% medida pelo IPCA, que aumenta o custo como também o preço dos produtos, o Ebitda avançou 53,3% em termos reais.
“No primeiro ano da pandemia, em 2020, muitas empresas adotaram programas de contenção de custos e despesas contundentes para enfrentar o cenário adverso. Boa parte da disciplina foi mantida com uma melhora operacional impressionante. Isto levou o lucro para um crescimento em patamares que há muito não víamos, quase quadruplicou sobre 2020”, comenta William Volpato, coordenador do Valor Data. O lucro líquido das mil maiores empresas analisadas avançou em termos nominais 303% sobre 2020. Já em termos reais, descontada a inflação, o avanço no lucro foi de 266% na mesma base de comparação.
O ganho de eficiência das empresas também pode ser visto pela melhora acentuada no perfil de endividamento do grupo analisado. O endividamento oneroso das empresas, sobre o qual recaem juros, chegou a R$ 2,54 trilhões, um avanço nominal de 7,7% sobre o ano anterior, mas com um recuo em termos reais de 2,1%. As despesas financeiras das companhias também recuaram, 18,9% em termos nominais e perto de 26% em termos reais, descontada a inflação do período.
“Em todas as métricas analisadas, a situação de endividamento das empresas melhora ano a ano, o que confirma uma operação saudável do ponto de vista da dívida. É um movimento que ocorre desde 2015 e com bons resultados nas linhas finais dos balanços”, comenta Volpato, ao referir-se ao índice de cobertura de juros, medido em pontos pelo Ebitda sobre despesas financeiras. No ano passado, o indicador ficou em 2,51 pontos, só perdendo para os 3,22 pontos de 2010, primeiro ano do Valor 1000. Quanto maior o indicador, maior a capacidade de gerar caixa para pagar dívida.
A história da melhora do perfil de endividamento das empresas começou em 2015, ano em que o indicador de cobertura de juros estava em apenas 0,82 ponto. O país vivia uma forte recessão, amargando, só naquele ano, recuo de 3,8% no PIB, o que acendeu a luz amarela das empresas, que começaram a se preparar para um período difícil e que poderia ser longo. Em 2016, novo recuo na economia, de 3,6% no PIB. Só no ano seguinte, em 2017, o país voltou a crescer, com um modesto 1,3%. Desde aquele período difícil, o esforço para melhorar o perfil da divida vem mostrando resultados ano após ano. Uma exceção foi entre 2019 e 2020, quando o indicador juros caiu de 2,07 para 1,42 ponto, refletindo o esforço das empresas para obter liquidez e fazer frente aos compromissos de pagamentos em cenário de isolamento social e queda nas vendas.
Outro indicador importante é o da alavancagem financeira das empresas, que mede a relação entre dívida financeira líquida e o Ebitda das companhias do ranking. Em 2015, o indicador atingiu a marca de 3,6 pontos e desde então vem melhorando de forma consistente. O movimento de desalavancagem das empresas iniciado naquele período incluiu troca de dívida cara por mais barata, aproveitando taxa de juros baixos para o padrão brasileiro, e de papéis em moeda estrangeira por dívida em moeda local, movimento que levou o indicador a 1,12 ponto no ano passado, também recorde na série acompanhada por Valor 1000.
Apenas como exemplo, ao final de 2021, a dívida bruta da Petrobras alcançou R$ 327,8 bilhões, ante R$ 392,5 bilhões em 2020, com a companhia cumprindo antecipadamente a meta de redução do endividamento para o patamar de US$ 60 bilhões estabelecida originalmente para 2022. Em 2015, a dívida da maior empresa do país chegava a R$ 492 bilhões.
Outro exemplo dos esforços adotados para reduzir a dívida é protagonizado pela siderúrgica Gerdau. O nível de endividamento da empresa, medido via alavancagem financeira, alcançou seu menor nível histórico com a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado reduzindo de 1,25x para 0,30x em dezembro de 2021, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A dívida líquida da Gerdau saiu de R$ 9,8 bilhões no quarto trimestre de 2020 para R$ 7,2 bilhões no mesmo período do ano seguinte. Além disso, ao final de 2021, 13% da dívida bruta da companhia era de curto prazo, enquanto 87% da dívida estava alocada no longo prazo.
O setor de Óleo e Gás também mantém a liderança na participação nos lucros entre os setores, com 22,1%, seguido de perto por Mineração, com participação de 21,9%, e de Metalurgia e Siderurgia, com 11,9%. Neste segmento, o destaque são as grandes siderúrgicas, que fecharam o ano passado com desempenhos recordes.
O setor siderúrgico, por exemplo, viveu o segundo melhor ano de sua história em produção, vendas, consumo e resultados financeiros, perdendo apenas para 2013. As siderúrgicas no país produziram 36 milhões de toneladas de aço bruto, um crescimento de 14,7% em relação a 2020. Em produtos laminados, o setor atingiu 26 milhões de toneladas, mais 19,3%. Os dados dos balanços das principais siderúrgicas mostram forte expansão na receita líquida: Gerdau, avanço de 78,8%; Arcelor Mittal Brasil, mais 108,7%; CSN, avanço de 59,4%; e Usiminas, mais 109,7% – ano contra ano. Só o lucro das duas maiores, a Gerdau e a Arcelor, avançou no ano passado nada menos do que 553% e 940%, respectivamente, sobre 2020. “O desempenho conjunto das mineradoras e das siderúrgicas foi excepcional, o que explica no critério lucro terem a maior participação no desempenho geral”, comenta Volpato, do Valor Data.
Os únicos dois setores que tiveram contribuição negativa para o lucro geral das empresas analisadas por Valor 1000 foram Transporte e Logística, com menos 0,9%, e Construção e Engenharia, com 2,2% negativos. Registro também para a perda de participação do setor de Energia Elétrica neste critério. Em 2020, foi o setor que deu, em termos percentuais, a maior contribuição para o lucro das mil maiores empresas do país, com 27%. No ano passado, a participação caiu para 8,8%, atrás dos setores de Óleo e Gás, Mineração e Metalurgia e Siderurgia.
O ponto de alerta dos números levantados por Valor 1000, como observa William Eid, é uma maior dependência do PIB brasileiro do desempenho das maiores corporações. Pelos dados levantados pelo Valor Data, comparando o PIB brasileiro com a receita líquida das mil maiores companhias, em 2019 a relação era de 58%. Em 2020, a receita líquida dos grupos representou ainda mais, perto de 62% do PIB brasileiro, e no ano passado atingiu 72%. “Tecnicamente não é o ideal comparar receita das empresas com o PIB, mas ao mesmo tempo dá para ter uma ideia de um mercado mais concentrado, o que nunca é bom”, comenta Eid. “Quando um país tem grandes oligopólios atuando, eles começam a controlar os preços de venda, um movimento natural, e a tomar receita das empresas de menor porte, o que ao final gera inflação e compromete a renda fruto do trabalho. Nunca é positivo.”
As perspectivas para as empresas neste ano, e em especial em 2023, seguem positivas na opinião dos especialistas, visão sustentada mais na capacidade operacional e de gestão dos grandes grupos do que no cenário macroeconômico desenhado. “Não sei se no mesmo ritmo de crescimento, após um 2021 surpreendentemente bom para as companhias, mas neste ano o cenário também é favorável. Já 2023 ainda guarda muitas incertezas, políticas e econômicas, que podem afetar o desempenho”, comenta Eid, acrescentando que o próximo ano depende, em primeira instância, da melhora das expectativas, que hoje não são boas. “A eleição é um elemento importante deste sentimento, que impacta na pretensão a investimentos e no consumo. Sem falar na alta dos juros, que joga a atividade para baixo. Hoje, é difícil acreditar em um 2023 tão positivo.”
Para Ademildo Oliveira, da Serasa Experian, que também projeta dificuldades para o próximo ano, o que vai ajudar as empresas a enfrentar os desafios é a melhora já registrada nos balanços, com uma estrutura de dívida mais saudável. “As empresas seguem investindo em tecnologia, inovação, atividades e processos, o que as torna mais eficientes e melhora o Ebitda. Além disso, os dados mostram que elas estão aprimorando a utilização de suas dívidas, sem afetar a saúde financeira”, comenta Oliveira. “O sinal de que as principais economias possam entrar em recessão afeta a perspectiva para commodities e de muitas empresas nacionais. É um sinal de alerta para este grupo, mas o fato de entrarem com bons índices de eficiência, dívida sob controle, é muito importante e ajuda bastante.

